Há aproximadamente 30 anos atrás, um grupo de jovens músicos e poetas mocorongos, iniciaram um movimento maior que eles próprios – o grupo musical chamado Canto de Várzea. Várzea é a região das margens dos rios amazônicos que vivem num ciclo de 6 meses submersas e 6 meses expostas. É o ciclo natural das águas amazónicas ditando o ritmo da vida.

O Canto de Várzea nasceu com o mesmo espírito : entrar no ritmo da vida amazônica, literalmente falando. E conseguiu, como se constata 30 anos depois de suas primeiras composições, o público mocorongo continua prestigiando e procurando os trabalhos do grupo. Originalmente, a música girava em torno da obra do compositor Beto Paixão, autor da maioria das canções do grupo e, paulatinamente, outros compositores inseriram seus trabalhos dentro do repertório. Uma amostra básica das canções do Canto inclui, certamente, Dança na Mata (“A lua é cheia e o salão está vazio, o povo dança na sombra da castanheira …”), Amor de Índio (“Se eu negar a cor de ser, um índio bravo, se tajá vier a ser, também sou cravo …”), Diretamente Falando, Boca de Forno e Gênesis da Pérola.

No dia 02 de Fevereiro, o Teatro Vitória foi palco de um show em homenagem ao centenário do nascimento da maior referência musical da região: Maestro Wilson Fonseca, carinhosamente conhecido e referenciado como “Mestre Isoca”. Autodidata, multi-instrumentista (piano, violino, apenas para citar dois dos instrumentos tocados com maestria pelo maestro), produziu muitas canções que fazem parte da história de Santarém e sempre farão. Foi emocionante ver o teatro lotado (muita gente curtiu o show inteiro do lado de fora do teatro) e todas as pessoas celebrando em uníssono as canções imortais da Pérola. Aqui estão algumas fotos para ilustrar a magia que se viveu naquela noite.

                                            (Everaldo, Samuca e Eduardo Serique)

 (Maria Lídia e Banda)

                                                          (Celson e Everaldo)

O Canto de Várzea, representado no evento por João Otaviano, Everaldo Martins, Samuel Lima, Eduardo Serique, Eduardo Dias e Maria Lídia, foi acompanhado pela excelência da música instrumental da atualidade, nomeadamente Andreson Dourado (teclados), Júnior Castro (Sopros) e Silvan (percussão). O show, que relembrou os maiores clássicos do Mestre Isoca, teve ainda a participação especial dos seguintes convidados: Nelson Vinnenci, Nato Aguiar (violão e voz), Zé Maria (voz) e Celson Lima (violão de 7 cordas).

Este evento relançou o projeto do segundo CD do Canto de Várzea (o primeiro foi lançado em 2009 e teve a sua edição esgotada), com composições antigas e novas, dos integrantes do grupo. O projeto tenciona produzir os registros sonoros no primeiro semestre e colocar o CD à disposição do público, antes do final deste ano. Toda a região apoia e espera mais este trabalho que vai enriquecer a música da nossa região.